Psicastenia
"Pensa conhecer o que sabe ignorar"
Bergson
Psicastenia é uma psicose caracterizada por queda do nível de tensão psicológica, fazendo o paciente ter depressões, obsessões, compulsões, perda do sentido da realidade e perda gradual da personalidade.
Psicastenia, s. f.
Fraqueza intelectual; Psicose causada por fases de medo e ansiedade, obsessões, idéias fixas, tiques, auto-acusação, convergência de emoção e depressão.
PSICASTENIA
- Forma de psicose com fases de medo, ansiedade, sensação de incapacidade e perda da personalidade, fraqueza intelectual e tendência mórbida para dúvidas e hesitações. A psicastenia é uma afecção mental muito difundida que se caracteriza por uma redução na tensão psicológica e cujos principais sintomas são a depressão física e moral, um sentimento de falta de alguma coisa e perda do sentido da realidade, com uma tendência patente às obsessões, às manias e aos fenômenos ansiosos.
A denominação de psicastenia foi dada por Pedro Janet a um conjunto de fenômenos neuróticos que correspondem clinicamente a afecções e estados bem adversos: psicopatias, neuroses, esquizofrenia, etc. Janet distinguiu-a, porém, da histeria e de outras neuroses. Segundo ele, a psicastenia seria uma alteração de uma função geral, a função da realidade, fato que provoca substituição da realidade presente por operações de derivação inferiores e desproporcionadas como dúvidas, angústias e obsessões.
PSICASTENIA - Forma de psicose com fases de medo, ansiedade, sensação d.e incapacidade e perda da personalidade, fraqueza intelectual e tendência mórbida para dúvidas e hesitações.
A psicastenia é uma afecção mental muito difundida, que se caracteriza por uma redução na tensão psicológica, e cujos principais sintomas são a depressão física e moral, um sentimento de falta de alguma coisa e perda do sentido da realidade, com uma tendência patente às obsessões, às manias e aos fenômenos ansiosos.
A denominação de psicastenia foi dada por Pedro Janet. a um conjunto de fenômenos neuróticos que correspondem clinicamente a afecções e estados bem adversos: psicopatias, neuroses, esquizofrenia, etc. Janet distinguiu-a, porém, da histeria e de outras neuroses. Segundo ele, a psicastenia seria uma alteração de uma função geral, a função da realidade, fato que provoca substituição da realidade presente por operações de derivação inferiores e desproporcionadas como dúvidas, angústia e obsessões.
Psicastenia - fraqueza da psique, deixando a pessoa vulnerável. Medo, ansiedade, insegurança, dúvidas, baixa auto-estima...
Imagine se todos esses problemas resolvem aparecer de uma vez. Se isso acontecer, em grau elevado, a pessoa pode estar sofrendo de um tipo de psicose chamado psicastenia.
Imagine se todos esses problemas resolvem aparecer de uma vez. Se isso acontecer, em grau elevado, a pessoa pode estar sofrendo de um tipo de psicose chamado psicastenia.
Ela é caracterizada pela fraqueza intelectual, seguida de ansiedade, obsessões, idéias fixas, tiques, incertezas quanto às próprias decisões, períodos de emoção exacerbada e depressão.
As manifestações do problema variam de acordo com a estrutura da personalidade de cada pessoa, além da sua história de vida.
É na infância que a personalidade se forma e, em cada fase do período, assim como a estrutura física, a psique vai amadurecendo e sendo construída. É nesse período do desenvolvimento que o indivíduo passa a consolidar a confiança em si mesmo. Dessa forma, os sinais de manifestação da doença estão relacionados à parte falha de cada um, ou seja, o ponto fraco que ficou na formação da personalidade. As condições atuais da vida do paciente também irão influenciar.
Não há um perfil definido de pessoas mais propícias à psicastenia, o que influencia é o histórico individual. Por ter um diagnóstico difícil em função dos inúmeros sinais do problema, não há um estudo que indique o percentual da população mundial acometido por ele.
Psicastenia
psicastenia (do grego psyché, "alma" e asthenia, "debilidade") é uma doença da psique caracterizada por fobias , obsedes, compulsiones e ansiedade. O termo já não se utiliza no diagnóstico clínico, ainda que segue figurando como uma das dez subescalas clínicas no MMPI, teste de personalidade desenhado para detectar transtornos de personalidade ou de conduta.
Apresentação
A subescala 7 do MMPI descreve a psicastenia como um transtorno afín à desordem obsesivo-compulsivo, e indica que sua característica são dúvidas excessivas, compulsiones, obsedes e medos irracionais. O psicasténico é incapaz de resistir certas acções ou pensamentos. Além dos rasgos obsesivo-compulsivos, a escala indica medos anormales, autocrítica, dificuldades para concentrar-se e sentimento de culpa. A escala marca como rasgo em longo prazo a ansiedade, ainda que também funciona em parte como resposta ao estrés pontual.
O psicasténico tem um controle insuficiente sobre seu pensamento consciente e sua memória, o que lhe leva a divagar sem propósito e/ou a esquecer que estava a fazer. Seus pensamentos costumam ser dispersos e custa-lhe muito organizá-los, pelo que com frequência constroem frases que não se correspondem com o que querem dizer e resultam ininteligibles para outras pessoas. O esforço mental constante e a insónia produzem fadiga, que piora o estado do doente. Os sintomas podem reduzir-se em grande parte mediante exercícios de concentração e terapia, dependendo de se a condição é psicológica ou biológica.
História
O termo psicastenia está unido historicamente à obra de Pierre Janet, que clasifició as neurosis em psicastenias e histerias, descartando o termo neurastenia porque implicava uma teoria neurológica da doença, quando aliás não a tinha. As histerias têm em sua origem um estreitamento do campo da consciência, enquanto as psicastenias partem de um transtorno no sentido da realidade, uma espécie de debilidade que afecta à capacidade para atender às experiências cambiantes, se ajustar a elas e se fazer uma ideia válida das mesmas. Carl Jung utilizou mais tarde os estados histérico e psicasténico como protótipos das personalidades introvertidas e extravertidas.
Karl Jaspers mantém o termo neurastenia, definindo-o como uma 'debilidade irritable', e dá como sintomas irritabilidad, susceptibilidade, hiperestesia dolorosa, resposta anormal a estímulos, dores corporales, sensação intensa de fadiga, etc.
A neurastenia contrasta com a psicastenia, que define, seguindo a Janet, como uma variedade de fenómenos 'unidos pelo conceito teórico de uma 'diminuição da energia psíquica'.' A pessoa psicasténica prefere 'apartar-se de seus semelhantes e não se expor a situações nas que seus complexos anormalmente fortes lhe restem clareza mental, memória e equilíbrio'. Ao psicasténico falta-lhe confiança em si mesmo, é proclive a pensamentos obsesivos, medos infundados, autoescrutinio e indecisión.
Este estado induze-lhe a retirar do mundo e viver em ensoñaciones, o qual só piora as coisas. 'À psique falta-lhe em general a capacidade de integrar sua vida ou de elaborar e manejar suas diversas experiências; é incapaz de construir sua personalidade e fazer qualquer tipo de progresso firme'. Jaspers achava que alguns dos casos mais extremos de psicastenia de Janet eram em realidade casos de esquizofrenia .
Psicastenia ou a dor de sentir...
Tenho momentos em que sinto que o real se desvanece no devir dos instantes! Como se tudo convergisse ao meu redor e nunca em mim, como se tudo fosse etéreo à minha volta a cada passo que dou! Esta é a minha dor de sentir a perda do real. E neste instante procuro tomá-lo nas minhas mãos, rapidamente as fecho para guardar o real em mim, e ao abri-las... tenho uma mão cheia de nada e outra onde mora o vazio!
http://waltergarcia.blogspot.com/2005/01/psicastenia-ou-dor-de-sentir.html
A Psicastenia é Um Tipo de Psicose de Difícil Diagnóstico, Mas Que Causa Vários Problemas ao MesmoTempo, Como Insegurança, Medo e Ansiedade | |
Foto: Getty Psique - alma. Astenia - fraqueza. Psicastenia - fraqueza da psique, deixando a pessoa vulnerável. Medo, ansiedade, insegurança, dúvidas, baixa auto-estima... Imagine se todos esses problemas resolvem aparecer de uma vez. Se isso acontecer, em grau elevado, a pessoa pode estar sofrendo de um tipo de psicose chamado psicastenia. Ela é caracterizada pela fraqueza intelectual, seguida de ansiedade, obsessões, idéias fixas, tiques, incertezas quanto às próprias decisões, períodos de emoção exacerbada e depressão. De qualquer forma, a psicóloga especializada em psicodrama, Sylvia Sabbato, explica que as manifestações do problema variam de acordo com a estrutura da personalidade de cada pessoa, além da sua história de vida. É na infância que a personalidade se forma e, em cada fase do período, assim como a estrutura física, a psique vai amadurecendo e sendo construída. É nesse período do desenvolvimento que o indivíduo passa a consolidar a confiança em si mesmo. Dessa forma, os sinais de manifestação da doença estão relacionados à parte falha de cada um, ou seja, o ponto fraco que ficou na formação da personalidade. As condições atuais da vida do paciente também irão influenciar. Em relação às causas, Sylvia explica que, para todo distúrbio psicológico, existe uma regra básica. Assim, se uma pessoa possui antecedentes com o problema na família, há 30% de chances de ela desenvolver o mesmo distúrbio. Caso tenha enfrentado condições adversas na infância, as chances crescem para 60%. Por último, se existe alguma situação traumática presente nesse mesmo paciente, o número salta para 90% de chances. Os traços comuns são o excesso de trabalho, as metas e objetivos cada vez mais difíceis e as cobranças externas. Tendemos a cobrar mais de nós do que podemos e fazemos de modo tão natural, que não percebemos o quanto nos prejudicamos, ressalta o psiquiatra do Hospital São Camilo (Unidades Santana e Ipiranga) José Paulo Pinotti. Não há um perfil definido de pessoas mais propícias à psicastenia, o que influencia é o histórico individual. Por ter um diagnóstico difícil em função dos inúmeros sinais do problema, não há um estudo que indique o percentual da população mundial acometido por ele. As conseqüências da doença podem variar. Uma pessoa que possui medo extremo, por exemplo, tende a não querer ficar sozinha. Dessa forma, ela não sai de casa, fica reclusa e as pessoas em volta acabam limitando suas atividades pessoais para fazer companhia ao paciente. Tratamento O foco da psicoterapia, no primeiro momento, não deve ser a doença em si, mas sim os aspectos saudáveis que a pessoa possui. Antes de qualquer coisa, é preciso que ela volte a acreditar em si mesma, melhorando a auto-estima e enxergando resultados positivos em suas iniciativas e decisões. A partir do momento que o paciente começa a observar esses resultados, ele pode iniciar a caminhada em busca de melhorar a saúde diariamente, com hábitos saudáveis. Os remédios envolvidos no tratamento devem ser prescritos por um psiquiatra e variam de acordo com os sintomas apresentados. No geral, são utilizados antidepressivos e ansiolíticos (medicamentos contra a ansiedade). Mesmo assim, Sylvia garante que a cura existe, uma vez que poucas doenças de ordem psicológica não são curáveis, como esquizofrenia e transtorno bipolar (problemas apenas mantidos sob controle). O tempo do tratamento varia de acordo com o caso, mas é necessário um mínimo de um ano de acompanhamento psicológico e psiquiátrico. Por ser um problema relacionado aos traumas e formações de personalidade, a melhor forma de evitar a psicastenia é ter um desenvolvimento saudável durante a infância. Além disso, é preciso evitar o máximo possível que o estresse faça parte da vida da pessoa. Para o médico naturopata Roberto Giraldo, as doenças são inconscientes. Por exemplo, se uma pessoa tem problemas de visão, é porque ela não quer ver as coisas. Ele conta que questões como ansiedade e insegurança são criadas pela própria pessoa. Quando ela aceita isso, podemos começar o tratamento com medicamentos naturais, que só farão efeito se ela compreender o que se passa com ela, diz o médico, que sugere frutas amarelas e vermelhas para amenizar tensões, pois possuem o Complexo B, que regula os neurotransmissores. Outra visão A psicoterapeuta integral Selma Genzani explica que, diferente de Freud, que via os problemas do homem como uma conseqüência do inconsciente, a Psicanálise Integral de Norberto Keppe mostra que as pessoas adoecem pela atitude de negação e oposição à consciência. Assim, o ser humano tende a guardar no inconsciente tudo o que não gosta de perceber sobre ele mesmo e os demais. Nessa inversão, ele acredita que ver os problemas é tê-los, mas, na verdade, enxergar o que está acontecendo é a única forma de ter controle sobre a situação. No momento em que a pessoa começa a ir contra suas próprias características pessoais, ela desenvolve a insegurança e a indecisão. Como lidar? • Tenha paciência e tolerância com a pessoa. • Reveze com outras pessoas funções como levar ao médico ou psicólogo. Se a responsabilidade ficar na mão de uma só pessoa, ela também poderá ficar doente. • Ofereça ajuda. Chega um momento que o doente está tão cansado de sofrer que aceita facilmente. • Fique atento! O sofrimento do paciente é grande e, por isso, ele pode chegar a tentar suicídio, diante do desespero. |
http://www.entremulheres.com.br/?pg=noticia&id=315
Psicastenia O termo Psicastenia, extremamente impreciso, foi idealizado por Pierre Janet para designar um conjunto de fenômenos neuróticos que correspondem, clinicamente, a afecções e estados bem adversos, como as psicopatias, neuroses, esquizofrenia, etc.
Janet distinguiu a Psicastenia da histeria e de outras neuroses. Segundo ele, a Psicastenia seria uma alteração de uma função geral, a função da realidade, fato que provoca substituição da realidade presente por operações de derivação inferiores e desproporcionadas como dúvidas, angústia e obsessões.
Janet distinguiu a Psicastenia da histeria e de outras neuroses. Segundo ele, a Psicastenia seria uma alteração de uma função geral, a função da realidade, fato que provoca substituição da realidade presente por operações de derivação inferiores e desproporcionadas como dúvidas, angústia e obsessões.
http://www.psiqweb.med.br/site/DefaultLimpo.aspx?area=ES/VerDicionario&idZDicionario=515
A formação do Eu (moi) em Lacan
Comentários para uma leitura do Estádio do Espelho.
(.....)
Psicastenia lendária”
Quando Caillois descreve a “Psicastenia lendária”(4), transtorno no qual se produz uma captação do sujeito pela situação, já não mais está falando de um organismo, mas de um sujeito.O espaço exerce uma sedução que obriga ao sujeito a renunciar a si para confundi-se com o espaço, ate à despersonalização e a desrealização.
(4) Se descrevem casos de misticismo nos quais o sujeito fica em absoluta inmovilidade,chamada também por P.Janet de “doença da ilha deserta”
Angústia de êxtases onde o sujeito fica sem reagir a estímulos externos.
Bem mais digna de nota é a teoria de Pierre Janet.
Na obra De l'angoisse à l'extase , o mestre do Collège de France refere, com extraordinária minúcia, a observação, prosseguida durante 22 anos, duma doente designada pelo pseudônimo de Madeleine, que apresentava fenômenos místicos comparáveis, segundo Janet, aos da grande Teresa de Ávila.
Angústia de êxtases onde o sujeito fica sem reagir a estímulos externos.
Bem mais digna de nota é a teoria de Pierre Janet.
Na obra De l'angoisse à l'extase , o mestre do Collège de France refere, com extraordinária minúcia, a observação, prosseguida durante 22 anos, duma doente designada pelo pseudônimo de Madeleine, que apresentava fenômenos místicos comparáveis, segundo Janet, aos da grande Teresa de Ávila.
No sujeito à identificação com a imagem do corpo refletida no espelho tem efeitos psíquicos. É diferente dos casos anteriores, podemos ver que no estádio do espelho há registro psíquico da imagem unificada,da integração da imagem de si, que atuará como formadora como constituinte do que está por vir.
A criança pode assumir uma imagem de si atravessando os processos de identificação porém nunca se reduz ao plano puramente econômico ou puramente especular, por prevalecente que seja o modelo visual. A criança não se olha com seus próprios olhos, mas com os olhos da pessoa que o ama ou detesta. O que importa é sua mirada e a mirada que recaí sobre ele.
O lactante realizará um processo pelo qual se reconhecerá no espelho. A diferença é que o gafanhoto reconhece o congênere, e a criança se reconhece a si próprio. No espelho aparecerá uma imagem virtual, que rebotando sobre as sensações proprioceptivas, descordenadas, esfaceladas lhe devolverá uma imagem integradora. Este corpo despedaçado corresponde ao auto-erotismo, de cada zona erógena partem sensações,que por enquanto não parecem comportar uma unidade.
Logo o primeiro objeto da libido será o Eu, o Eu se forma por identificação, identificação a este Ego ideal (Ideal-Ich) que antecipa sua imagem. Estamos frente ao narcisismo, constituído e constituinte do sujeito, um Ego ideal que será também receptáculo das identificações secundarias. Precisa-se da formação do Eu para que existam as relações de objeto. O Eu se oferece ao idi como objeto (narcisimo). Os objetos são produto da paixão do eu por impor ao mundo sua imagem. Começa o dinamismo libidinal. Se criará uma linha de ficção para sempre irredutível.
Entendamos a referencia de Lacan quando diz que “essa forma situa a instancia do Eu, desde antes de sua determinação social numa línha de ficção, para sempre irredutível para o individuo isolado,ou melhor que só se unirá assintoticamente ao devir sujeito, quaisquer que seja o sucesso das sínteses dialéticas pelas quais tenha que resolver, na condição de Eu, sua discordância com a realidade”.
O sujeito no mais se encontrará a si mesmo, a não ser como uma curva assintotica que só se tocara, quase que imaginariamente, em algum ponto infinito com sua realidade. (Diccionario Aurélio, assíntota: que não pode coincidir, se trata a uma função geométrica tangente entre uma reta e uma curva que só se tocarão no infinito).
Segundo Lacan, não haverá síntese dialética que apague a diferença entre o Eu da imagem e a própria realidade do corpo do sujeito. Este permanecerá como realidade, de algum modo, sempre desconhecido para si. Para Lacan o Eu é um precipitado em que o sujeito se reconhece em tanto se apresenta para si como um objeto outro.
Este Eu se forma antes que o Eu que devem de sua determinação social (antes de sua passajem pelo Édipo). Este Eu é um cristal que pode se romper pelas línhas nas quais se uniu previamente.
O conhecimento humano se estrutura como paranóico, sempre ameaçado de perder o conseguido,sempre em tensão e rivalidade com sua propia imagem.É mais autônomo que o do animal, nos diz Lacan, mas também o determina no “pouco de realidade” que ele tem. O Eu se reconhece nesta realidade ortopédica que lhe oferece a antecipação, mas funciona como uma identidade alienante. Constitui-se um Eu que precisará sempre de reconhecimento para que se assegure a permanência de sua imagem. Ninguém pode ter de si, a certeza de coincidir com a própria imagem, por isto se procura o reconhecimento desde fora.
Para o infans, o semelhante parece ter a integridade, a unidade, a boa forma. O semelhante parece ter de si a certeza de coincidir com a imagem e desde ai ocupar o lugar único. A criança sustentada pela sua mãe, cuja mirada o olha, volta-se para ela para demandá-lhe autentificar sua descoberta. É o testemunho de sua mãe que ao dizer “você é”, permitirá a criança dizer “sou eu”.
O outro ocupa o lugar único o que implica para o Eu a perdida de lugar e de reconhecimento. Isto promove uma resposta agressiva que cria um reflexo paranoide de fragmentar ao outro para ocupar seu lugar.
Avançando no texto nos encontramos com uma frase um tanto hermética. Que quer dizer Lacan quando nos diz que “o rompimento do circulo do innwelt para o umwelt gera uma quadratura inesgotável dos arrolamentos do Eu”.
A referencia a quadratura do circulo se deve a um dos problemas clássicos, irresolúveis, da antigüidade. Se tratava de construir um quadrado de tal forma que sua área fosse igual a área de um circulo e isto deveria ser feito com regula e compasso. A quadratura do circulo e algo impossível desde a geometria assim como é impossível fazer coincidir a imagem do corpo com a realidade.
Há uma discordância do sujeito libidinal com sua realidade. O Eu vem se oferecer como lugar de uma síntese impossível, se tratará de fazer coincidir as bordas desta discordância primordial da imagem com a realidade.
Lacan nos diz que este corpo estraçalhado aparece nos sonhos, sob a forma de membros disjuntos, nas obras de Bosh pintor do século XV, nas línhas de fragilização que definem a anatomia fantástica e se manifestam nos sintomas esquizóides ou nos espasmos da histeria.
Lacan esclarece que nos dados da experiência do espelho, do visual, não se esgota esta experiência de formação do Eu,porque se assim o afirmasse-mos poderiam-se receber muitas criticas. O que sucede com a identificação vai além, tendo em conta o já dito ,que uma criança não se vê com os próprios olhos, mas se vê com os olhos de quem o ama ou detesta. À referencia no texto está dada, quando nos diz, que esta experiência está medida pela técnica da linguagem e inscrita na matriz simbólica na qual o Eu se precipita.
Esta matriz simbólica é o desejo da mãe,a castração da mãe que da ao filho o lugar privilegiado de falo. Não existindo esta matriz,a criança não poderá se constituir como Eu por muito que se depare com sua imagem no espelho é o caso das psicoses infantis e do autismo.
Chamama(5) nos diz que se aborda o campo do narcisismo como fundante da imagem do corpo da criança a partir do amor materno. Para que a criança possa se apropriar desta imagem, se requer que tenha um lugar no grande Outro encarnado neste caso pela mãe, que está inclusa na ordem do simbólico.
(5) R.Chemama, Diccionario de Psicanálise, “Espejo”,Bs As Amorrortu,1998
A passagem do Eu especular, o ego ideal, para o eu social, ou Ideal do ego estará dada pela intermediação cultural que, como nos diz Lacan, estará mediada “no que tange ao objeto sexual, no complexo de Édipo. Chamama diz “o signo de reconhecimento da mãe vai funcionar como um “rasgo unario” a partir do qual se constituirá o Ideal do Eu.
Ressalta Lacan que alem da importância do reconhecimento na imago que ate aqui temos desenvolvido, a presença de outras crianças, semelhantes a ela tem um papel formador importante, por conta de um fenômeno descrito por Charlote Bülher(6), conhecido como transitivismo infantil. É a aptidão da criança de encontrar no outro o que pertence a ela mesma. Uma criança se interessa por outra da mesma idade, bate num outro do lado esquerdo do rosto e toca seu rosto do lado direito, se da a mesma inversão que na imagem especular, mas o interessante que depois de bater, é ela quem chora.
À criança se exibe ao outro como espectador e queda fundido, com ele. Se da uma confusão do si e do outro numa mesma situação sentimental. Diz Lacan que se da uma dialética a partir da qual há uma passagem do eu especular para o eu social, começa a concorrência com outro. Bülher descreve situações nas quais uma criança fala, brinca, se mostra e a outra observa. Uma se exibe e a outra se submete, relação semelhante a do amo e o escravo, destacando que ambas crianças estão de algum modo fundidas na situação.
O senhor busca reconhecimento de seu senhorio pelo escravo, dando-se uma confusão entre ele e o outro numa situação afetiva. Aparece o ciúme e a relação espectador- espetáculo, é interiorizada. O ciumento gostaria de ser aquele que ele contempla, tem o sentimento de ser frustrado. Se não fossemos sujeitos do inconsciente marcados pelas castração, amarrados a uma linhagem, e a tudo que nos faz um sujeito singular não poderíamos sair do transitivismo, tendo em conta que nunca saímos dele definitivamente.
È a partir deste momento, entre a imagem especular e a imagem do outro semelhante, (pequeno outro) que aparece como competidor, ameaçador, que podemos falar da relação entre libido narcisica, como função alienante do eu, e da agressividade que “dela se destaca em qualquer relação com o outro”.
(6) Charlotte Bühler “Ètude Socilogique et Psycologique de la premier année.
Se reconhece aqui,nos diz Chemama a relação imaginaria, dual, da confusão entre si mesmo e o outro,da ambivalência e da agressividade estrutural do ser humano. Aliena-se em si e no outro ignorando sua alienação, com o qual o Eu fica preso a um desconhecimento eterno.
Com esta posição Lacan se opõe a todas as teorias tradicionais que concebem a o Eu como sistema de percepção-consciência e deixa ao Eu no lugar da alienação e o desconhecimento.
O ser do sujeito não se esgota no Eu, este não é mais que uma miragem e se contenta com ser isto.
Lacan finaliza seu artigo dizendo que só a psicanálise da conta de uma junção entre natureza e cultura reconhecendo este ”no de servidão imaginaria que o amor sempre tem que redesfazer ou deslindar”. Não há promessa possível venha ela do pedagogo, do reformador, do idealista que supere esta fenda. A tarefa não é reforçar este Eu, consolidá-lo, fortificar a muralha na qual ele fica alienado mas permitir que o sujeito se depare com seu limite, seu destino mortal.
Ana Maria Sigal (7)
(7) Psicanalista, Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes.Professora do Curso de Psicanálise do Sedes desde 1977. Coordenadora do Seminário “Diferentes teorias metapsicologicas na formação do sujeito e seus efeitos na clinica.M.Klein, Winnicot e Lacan
Fonte(s):
http://angelacadavezmelhor.blogspot.com/2008/07/psicastenia.html
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