quarta-feira, 18 de maio de 2011

INCONSCIENTE - C.G.Jung



C.G.Jung

Como Freud, Jung usa o termo “inconsciente” tanto para descrever conteúdos mentais que são inacessíveis ao ego, como para delimitar um lugar psíquico com seu caráter, suas leis e funções próprias.

Jung não considerava o inconsciente exclusivamente como um repositório da experiência pessoal, reprimida e infantil, mas também como um lugar central da atividade psicológica que difere da experiência pessoal e era mais objetiva que ela, desde que se referia diretamente às bases filogenéticas, instintivas, da raça humana. O primeiro, o inconsciente pessoal, era visto como fundando-se no segundo, o inconsciente coletivo. Os conteúdos do inconsciente coletivo jamais estiveram na consciência e refletem processos arquetípicos (ver ARQUÉTIPO). 

Tanto quanto o inconsciente é um conceito psicológico, seus conteúdos, como um todo, são de natureza psicológica, não importa que conexão suas raízes possam ter com o instinto. Imagens, símbolos e fantasias podem ser designados como a linguagem do inconsciente (ver FANTASIA; IMAGEM; METÁFORA; SÍMBOLO). 

O inconsciente coletivo opera independentemente do EGO por causa de sua origem na estrutura herdada do CÉREBRO. Suas manifestações aparecem na CULTURA como motivos universais que possuem graus de atração próprio (ver NUMINOSO).

Foi apontado que essa distinção de Jung é um tanto acadêmica, pois os conteúdos do inconsciente coletivo exigem o envolvimento de elementos do inconsciente  pessoal para sua manifestação no comportamento; os dois tipos de inconscientes são, portanto, indivisíveis (Williams, 1963a). 

Por outro lado, o conceito do inconsciente coletivo pode ser usado na análise para discriminá-lo da experiência pessoal, e se avaliarem suas conexões não-pessoais (ver AMPLIFICAÇÃO; ASSOCIAÇÃO). O ego então pode se relacionar com estas de modo diferente (Hillman, 1975). O diálogo no âmbito da psicologia analítica se verifica entre uma perspectiva pessoal e a realidade de uma perspectiva não-pessoal (ver PSIQUE OBJETIVA).

Em termos de estrutura psíquica, concebem-se a anima ou o animus como ligando o ego com o inconsciente (ver ANIMA E ANIMUS; PSIQUE; PSICOPOMPO). A relação entre a consciência e o inconsciente é expressa usualmente por Jung em termos de COMPENSAÇÃO.

A REFLEXÃO sobre o inconsciente conduz a uma consideração da razão por que algumas partes se tornam conscientes e algumas não. A conclusão tentada por Jung era de que (a) o quantum de energia é variável e (b) a força do ego determina o que pode passar para a CONSCIÊNCIA

Com respeito ao ego, o fator crucial é sua capacidade de manter um diálogo e interagir com possibilidades reveladas pelo inconsciente. Se o ego é relativamente forte, ele permitirá a passagem seletiva de conteúdos inconscientes para a consciência (ver FUNÇÃO TRANSCENDENTE). Com o passar do tempo, tais conteúdos podem ser considerados intensificadores do desenvolvimento da personalidade de um modo único e individual (ver INDIVIDUAÇÃO; TRANSFORMAÇÃO). 

Pode-se verificar que existe uma diferença em ênfase entre Freud e Jung com relação ao inconsciente. A opinião de Jung é de que o inconsciente é, primariamente ou potencialmente, criativo, funcionando a serviço do indivíduo e da espécie. (Sobre uma discussão quanto aos pontos de vista de Freud sobre os aspectos filogenéticos do inconsciente, ver ARQUÉTIPO.)

Até aqui mencionou-se que o inconsciente tem seu lugar na estrutura psíquica, tem sua própria estrutura interna, sua linguagem e uma disposição geral da criatividade. Além disso, embora alguma decodificação possa ser necessária, Jung atribui ao inconsciente uma forma de  conhecimento, até de pensamento. Pode-se expressar esse fato na linguagem da filosofia dizendo-se que contém a “causa final” de uma tendência psicológica ou linha de desenvolvimento psicológico. Poderíamos julgar isso como a razão ou o propósito para alguma coisa acontecer, a “finalidade” para a qual acontece ou se realiza. 

Na consciência, uma causa final seria uma esperança, aspiração ou intenção. É difícil denominar as causas finais que operam no inconsciente, mas estas podem ser experimentadas pela pessoa como promovendo a expressão e o SIGNIFICADO de sua vida individual. 

Este aspecto do inconsciente encerra o chamado PONTO DE VISTA TELEOLÓGICO

Dever-se-ia observar que Jung não está nem dizendo que o inconsciente causa a ocorrência de coisas, nem que sua atuação e influência são necessariamente benéficas (ver SINCRONICIDADE).
Para uma discussão do pensamento inconsciente, ver PENSAMENTO DIRIGIDO E DE FANTASIA.
                                                                            

APRESENTAÇÃO DA RUBEDO:
http://www.rubedo.psc.br/dicjung/aprerubd.htm
A parceria da Rubedo com Andrew Samuels se expressa na tradução 
de seus textos e entrevistas ( disponíveis no site), se confirma em pequenas palestra
realizada no Rio de Janeiro e se presentifica neste projeto em comum:
a edição eletrônica do Dicionário Crítico de Análise Junguiana.
          Carlos Bernardi
          Marta Maria Sardinha Chagas
          Marcus Vinícius Quintaes
Fonte:
Dicionário Crítico de Anáse Junguiana
Rubedo
http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/funtrans.htm
www.rubedo.psc.br
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

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