quinta-feira, 19 de maio de 2011

MANDALA - TOTALIDADE - SIGNIFICADO - C.G.Jung


C.G.Jung

MANDALA
Palavra sânscrita que significa “círculo mágico”. Refere-se a uma figura geométrica em que o círculo está circunscrito em um quadrado ou o quadrado em um círculo; possui subdivisões mais ou menos regulares, dividido por quatro ou múltiplos de quatro, irradia-se de um centro ou se move para dentro dele, dependendo da perspectiva da pessoa. Jung interpretava-a como uma expressão da PSIQUE e, em particular, do SELF

Mandalas
Obras de Jung
 *
 *
 *
Alguns tipos de Mandalas






As mandalas podem aparecer em sonhos ou pinturas durante a ANÁLISE junguiana. Embora as mandalas possam expressar um potencial para a TOTALIDADE ou representar uma totalidade cósmica (como procede para as grandes mandalas da tradição religiosa), também podem funcionar como proteção para as pessoas que estão fragmentadas.

TOTALIDADE

A expressão mais plena possível de todos aspectos da personalidade, tanto em si mesma como na relação com outras pessoas e com o meio ambiente.

De acordo com Jung, a totalidade deve ser equiparada à saúde. Como tal, é tanto um potencial como uma capacidade.

Nascemos possuindo uma totalidade fundamental,
porém, à medida que crescemos, 
esta entra em colapso e se reorganiza
em algo mais diferenciado (ver SELF).

Expressa deste modo, 
a realização da totalidade consciente 
pode ser considerada como o objetivo 
ou propósito da vida. 

A interação com os outros ou com o meio ambiente pode, ou não, facilitar este aspecto, depende do caso. Contudo, a totalidade deve ser vista, em todos os seus aspectos, como individualmente relevante e, daí, mais como uma realização qualitativa que quantitativa.


Embora a totalidade não deva ser ativamente buscada ou perseguida per se, é possível ver quão freqüentemente a experiência da vida tem essa finalidade como seu objetivo secreto. A conexão com a criatividade sublinha que totalidade (e saúde) são termos relativos, diferentes de normalidade ou conformismo (ver ADAPTAÇÃO; PROCESSO DE CURA; INDIVIDUAÇÃO). 

Conforme Jung usava a palavra, 
a “totalidade” fala mais de 
“completude” que de “perfeição”.


A idéia de totalidade está ligado à teoria dos OPOSTOS. Se dois opostos em conflito se juntam e se sintetizam, o resultado passa a compor uma totalidade maior (ver CONIUNCTIO; MANDALA). Jung estava preocupado com o fato de que a cultura ocidental em geral e o cristianismo em particular ignoram dois elementos que são vitais para a totalidade: o feminino (ver ANIMA E ANIMUS; ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA; GÊNERO) e o MAL ou a destrutividade do homem (ver SOMBRA).


Jung estava ciente de que uma pessoa pode adquirir um verniz de totalidade, que é espúria (CW 7, parág. 188), e de que um devoto por demais impetuoso confundirá seu desejo com seu estado real. Uma voracidade por totalidade pode ser fuga de conflito psicológico.


As idéias de Jung, em sintonia com muitos desenvolvimentos do pensamento do século XX, mostram uma disposição holista da mente (embora Jung não use a palavra). Ver INCONSCIENTE PSICÓIDE; PLEROMA; REALIDADE PSÍQUICA; SINCRONICIDADE; UNUS MUNDUS.
SIGNIFICADO

A questão do significado era fundamental para Jung e para tudo de que se ocupava como pessoa, médico, terapeuta; como alguém que lutava constantemente com problemas de bem e MAL, luz e escuridão, vida e morte; como um cientista e como um homem de temperamento profundamente religioso. 

Concluiu que o lugar central do significado é na PSIQUE e somente a psique é capaz de discernir o significado daquilo que é experimentado. Isso realça a função decisiva da REFLEXÃO na vida psicológica e enfatiza que a CONSCIÊNCIA não está confinada ao intelecto.



O significado era fundamental para o conceito da ETIOLOGIA DA NEUROSE, de Jung, uma vez que a descoberta do significado parece possuir um poder curativo. “Uma psiconeurose pode, em última análise, ser compreendida como o sofrimento de uma alma que não descobriu seu significado”, escreveu ele (CW 11, parág. 497). Entretanto, ao mesmo tempo, embora concentrado na descoberta do significado, Jung permanecia aberto para a possibilidade da ausência de significado da vida. Percebia que o significado era paradoxal por natureza e o concebia como um ARQUÉTIPO (ver OPOSTOS).
 

Compatível com esta abordagem, 
Jung considerava cada resposta à questão do significado
como sendo uma interpretação humana, 
uma conjectura, uma confissão ou uma crença. 

Seja qual for a resposta dada à questão decisiva do significado da vida, sustentava que  a resposta teria sido criada pela própria consciência de uma pessoa, e sua formulação, portanto, é um MITO, uma vez que o homem não é capaz de descobrir a verdade absoluta. Sem um meio de estabelecer um significado objetivo, confiamos na verificação subjetiva como nossa medida decisiva, e é nisto que ANALISTA E PACIENTE também devem confiar psicoterapeuticamente.

Porém, a descoberta do significado é, ao mesmo tempo, uma experiência cercada de numinosidade e acompanhada por um sentimento do terrível, do misterioso e aterrador, que estão sempre ligados a uma experiência do divino, em qualquer forma por modesta, inaceitável, obscura ou menos prezada que possa aparecer (ver NUMINOSO).



O mito do significado do próprio Jung parece estar inextricavelmente ligado à consciência. O significado é revelado pela consciência e, portanto, a consciência tem uma função espiritual além da cognitiva (ver ESPÍRITO). “Sem a consciência reflexiva do homem, o mundo é uma máquina gigantesca e sem significado, pois, ao que sabemos, o homem é a única criatura que pode descobrir ’significado’ ”, escreveu em uma carta, em 1959. 

Após intenso trabalho sobre a SINCRONICIDADE, concluiu que, além de causa e efeito, existe um outro fator na natureza que é perceptível na organização dos eventos; isso nos aparece sob a forma de significado. Porém, quando indagado sobre quem ou o que cria esse significado, sua resposta não era Deus, mas, antes, a IMAGEM DE DEUS em uma pessoa (ver SELF).


Jaffé, secretária de Jung, reuniu um relato de seus encontros com o significado e as conclusões sobre o assunto que ele extraiu de sua vida e sua vida obra (1971). Ver RELIGIÃO.
APRESENTAÇÃO DA RUBEDO:
http://www.rubedo.psc.br/dicjung/aprerubd.htm
A parceria da Rubedo com Andrew Samuels se expressa na tradução 
de seus textos e entrevistas ( disponíveis no site), 
se confirma em pequenas palestrarealizada no Rio de Janeiro 
e se presentifica neste projeto em comum:
a edição eletrônica do Dicionário Crítico de Análise Junguiana.
          Carlos Bernardi
          Marta Maria Sardinha Chagas
          Marcus Vinícius Quintaes
 Fonte:
Dicionário Crítico de Análise Junguiana
Rubedo
http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/funtrans.htm
www.rubedo.psc.br
 Sejam felizes todos os seres  Vivam em paz todos os seres
Sejam abençoados todos os seres.

Um comentário:

Rodrigo Freitas dos Santos .´. disse...

Admirável artigo. Muito instrutivo. Também gosto de estudar Jung, apesar de estar cursando etapa final de faculdade de Direito. Caso queira fazer parte da minha lista de amigos, vou deixar aqui o link do meu blog: http://santuariointerior.blogspot.comJá estou seguindo o seu. Cordias saudações.
RODRIGO