quinta-feira, 19 de maio de 2011

REGRESSÃO E RENASCIMENTO



C.G.Jung


A atitude de Jung com relação à regressão diferia notadamente da de Freud. Para este, a regressão era quase sempre um fenômeno negativo. Mesmo como defesa, muitas vezes era uma falha (“da frigideira para o fogo”, Rycroft, 1972). 

A regressão
era algo a ser rechaçado e subjulgado. 

A partir de 1912, Jung insistia nos aspectos terapêuticos e intensificadores da personalidade dos períodos de regressão (sem negar a natureza nociva da regressão prolongada e improdutiva). Pode-se considerar a regressão como um período de regeneração, ou entrincheiramento, antes de um avanço subseqüente. 

Em virtude disso, a ANÁLISE e a PSICOTERAPIA podem dar continente a regressão – mesmo a um nível “pré-natal”. Maduro e Wheelwright (1977) referem Jung como defensor da “regressão criativa dentro da transferência (ver ANALISTA E PACIENTE).


Uma fantasia incestuosa 
pode ser considerada uma forma particular de regressão; 
uma tentativa de fazer contato com os fundamentos do ser, representados pela figura de um genitor. 

Para que tal regressão tenha valor, eventualmente precisa ainda de alguma forma vivida. O custo ou SACRIFÍCIO inerente à progressão é uma perda da segurança que uma fusão com uma figura de genitor provê. 

A ênfase de Jung na progressão pela regressão é compatível com sua ênfase na morte e no RENASCIMENTO (ver INCESTO; INSTINTO DE MORTE; INSTINTO DE VIDA; TRANSFORMAÇÃO).


A psicanálise contemporânea reviu a opinião severa de Freud (a que Kohut, 1980, chamou de sua “moralidade de maturação”). Kris cunhou a expressão “regressão do ego a serviço de ego” (1952); Balint referia-se a uma regressão “benigna” (1968); Winnicott escreveu sobre o “valioso lugar de descanso da ilusão” (1971).

RENASCIMENTO

Uma experiência psíquica de transcendência e/ou transformação, que não é observável de uma perspectiva externa, não obstante ser uma realidade percebida e certificada por aqueles que a experimentaram (ver REALIDADE PSÍQUICA).  

É o resultado subjetivo 
de um encontro com o ARQUÉTIPO 


Experiências de transcendência estão conectadas com ritos de renovação sagrados, quer no processo de INICIAÇÃO, quer em outras cerimônias religiosas e sacramentais (ver RITUAL). VISÕES, místicas ou de outra natureza, podem ter um efeito algo semelhante no fato de o espectador poder ser envolvido, embora sua natureza não seja necessariamente alterada. Ele pode estar estética, ou mesmo, extaticamente impressionado, porém não registra uma mudança duradoura em seu ser (ver RELIGIÃO).


Transformações subjetivas,
por outro lado, 
envolvem mudanças no ser real do indivíduo. 

Podem ser psicopatológicas (por exemplo, ABAISSEMENT DU NIVEAU MENTAL; IDENTIFICAÇÃO; INFLAÇÃO; POSSESSÃO). Podem estar ligadas a estados de consciência alterados induzidos por drogas, encantamento, hipnotismo ou outros procedimentos mágicos (ver MAGIA). Porém, também podem ocorrer como resultado do processo natural de INDIVIDUAÇÃO em que o indivíduo se sente renascido como uma personalidade “maior”.



A figura interna que personifica o self encontra-se tradicionalmente numa PROJEÇÃO. Foi representada como a pedra dos alquimistas, Cristo, um deus de culto ou adoração, guru, guia, líder ou outras PERSONALIDADES MANA. Jung ilustrou o processo de renascimento através da interpretação da figura de Khidr do misticismo islâmico (CW 9i, parág. 240 e segs.). 

Diz ele que tais contos nos fascinam
porque tanto expressam o arquétipo da transformação 
como fornecem um paralelo
para nossos próprios processos inconscientes.

APRESENTAÇÃO DA RUBEDO:
http://www.rubedo.psc.br/dicjung/aprerubd.htm
A parceria da Rubedo com Andrew Samuels se expressa na tradução 
de seus textos e entrevistas ( disponíveis no site), se confirma em pequenas palestra
realizada no Rio de Janeiro e se presentifica neste projeto em comum:
a edição eletrônica do Dicionário Crítico de Análise Junguiana.
          Carlos Bernardi
          Marta Maria Sardinha Chagas
          Marcus Vinícius Quintaes

Fonte:
Dicionário Crítico de Análise Junguiana
Rubedo
http://www.rubedo.psc.br/dicjung/verbetes/funtrans.htm
www.rubedo.psc.br
Sejam felizes todos os seres. Vivam em paz todos os seres.
Sejam abençoados todos os seres.

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